Já nos seus primeiros passos,
retomava tudo o que havia lhe levado até aquele ponto. Sua primeira paixão,
Caio, foi quem tinha despertado nela o gosto pelas trilhas. Eles eram tão novos
e cheios de vida, de planos, de aventuras... Eram como os clássicos amantes de
primeira viagem, vivendo tudo intensamente e achando que ninguém mais no mundo
poderia amar como eles. Mas, como a maioria desses jovens apaixonados, algo
aconteceu no caminho e eles desencantaram. Para ela, um término doloroso. Para
ele, nem tanto, já que dali a poucos meses já amava eternamente um outro
alguém. Ainda assim, essa memória lhe trazia conforto. Tinham sido bons um para
o outro e talvez em um outro tempo, quem sabe, poderiam ter dado certo.
Perdida em seus pensamentos, mal
percebeu que já chegava na metade do caminho. Parou por alguns instantes,
soltou o braço esquerdo da mochila e pegou a sua garrafa de água. Enquanto se
hidratava um pouco, percebeu em uma árvore um macaquinho que lhe encarava, mal
acostumado com os frequentes mimos gastronômicos dos turistas indisciplinados. A
moça ficou ali, desconcertada com aquele olhar fixo sobre ela, como se aquele
animalzinho curioso soubesse o que ela estava prestes a fazer. Então, ela mesmo
se lembrou do que lhe esperava. Um arrepio lhe percorreu a espinha, mas não
parou. “Chega! – pensou – Chega dessa vidinha mais ou menos, tem que ter algo
do outro lado...”. E continuou.
Bruno foi o seu segundo amor. Um
amor arrebatador. Ela mal conseguia acreditar que ele fosse o seu namorado. Tão
lindo, inteligente e autoconfiante! Nem sabia explicar como aquele homem que a
surpreendera de tantas maneiras criativas e cheias de afeto pudesse, no fim,
ter-lhe descido a mão, mais de uma vez. Foi preciso muita coragem para
enfrentar a desilusão. E muitas sessões de terapia. A verdade é que ele a havia
quebrado em micro-pedacinhos que ela demorara muito tempo para remendar.
Pensando bem, talvez estivesse remendando até hoje.
Agora o cume já estava perto. Ela
podia ver aquele clarão que vinha se abrindo. Mais alguns metros e chegaria lá,
no fim daquilo tudo. Sentiu um aperto grande no peito e precisou se sentar em
uma pedra que estava ao seu lado, solidária àquele momento. Era como se toda a
natureza daquela trilha soubesse o que ela faria. Despencou ali, chorou o peso
que trazia na alma: a saudade da leveza do primeiro namoro, as marcas e feridas
do segundo, e a ausência sufocante do terceiro e – agora ela sabia – único
verdadeiro amor. Como ele tivera a audácia de deixá-la!? Ir embora assim,
quando eram completamente felizes. Ele, que lhe ajudou a se refazer...
Respirou fundo, jogou um pouco de
água sobre o rosto e se levantou de supetão. “É isso... eu vou saltar!”, foi
tomada por um impulso de quem sabe o que precisa ser feito. Observou aquela
esplendorosa vista, como que lhe presenteando pela firme decisão. Largou no
chão a mochila, se alongou, buscou no horizonte algo que pudesse lhe confortar,
arrumou mais algumas coisas e avisou “Estou pronta!”. Correu, correu muito,
correu livre. Quando percebeu a ausência de atrito nos pés, gritou:
“Leandroooooo!”. Os turistas, que admiravam a paisagem no alto daquela
montanha, se viraram para ver.
Depois de alguns longos segundos, reaparecia ela. Passando por sobre o mar do Rio de Janeiro, soube que era a hora. Virou a urna que carregava nas mãos. O instrutor, atrás, se mantinha concentrado nas correntes de vento... já estava acostumado a ver aquele tipo de cena. Enquanto as cinzas de Leandro caíam sobre o mar, lágrimas percorriam o rosto daquela mulher até encontrarem um leve sorriso que, no silêncio, dizia: “Eu vou sobreviver, mais uma vez!”.
Depois de alguns longos segundos, reaparecia ela. Passando por sobre o mar do Rio de Janeiro, soube que era a hora. Virou a urna que carregava nas mãos. O instrutor, atrás, se mantinha concentrado nas correntes de vento... já estava acostumado a ver aquele tipo de cena. Enquanto as cinzas de Leandro caíam sobre o mar, lágrimas percorriam o rosto daquela mulher até encontrarem um leve sorriso que, no silêncio, dizia: “Eu vou sobreviver, mais uma vez!”.
Amiga, o ceu não é limite pra você, seus sonhos e projetos! O texto me deixou com vontade de quero mais e já quero saber do que morreu esse homem hahaha obrigada por trazer essa distração também pra gente nesse momento! Te amo e voa, passarinha!!!
ResponderExcluirEitaaaa!!!!
ResponderExcluirMuito obrigada por estar sempre me surpreendendo de uma forma tão felizzz!!!!
Vc sempre me emociona!!!
Sou sua fã de carteirinha!!!
Até então não tenho Instagran...mas agora tenho um ótimo motivo para tê-lo!!!!
Siga em frente querida!!!!
Vc vai muito longe!!!
Bjs
Mamãe
Torcendo pra essa história continuar...
ResponderExcluirParabéns Rebs,muito orgulhosa dessa escritora tão criativa ❤
Ahh muitas possibilidades no decorrer do texto, surpreendente!
ResponderExcluirParabéns amiga pelo texto e por seguir seus sonhos e ter a coragem de 'saltar'!
Levei um tremendo susto. Achei que ela estava se matando. Bem legal o suspense. Muito boa escritora.
ResponderExcluirEu escrevi isto
ResponderExcluirAgradeço por tua decisão de saltar, Rebeca. Animado para acompanhar esse voo e desfrutar de teus escritos, te desejo bons ventos, de inspiração e ânimo.
ResponderExcluirAndré
Tão bom ter você por aqui! Muito obrigada!
ExcluirAmei! Tinha ficado meio chocada com o suicídio, mas vc me surpreendeu! Rs Vou ler o capitulo 1 agora! Kkkkkkkk Já estou na fila do livro todo
ResponderExcluirPoxa, acabou muito rápido! Meu inconsciente já estava achando que era mais um romance que eu ia ler em no máximo 3 dias!! Parabéns, Rebeca!
ResponderExcluirQue delícia de texto Rebeca. Estou imensamente grato e feliz por descobrir seu talento de escritora. Deus abençoe ricamente sua preciosa vida.
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